Vale Cultura e os Games – carta aos coordenadores de cursos de graduação em Jogos Digitais

Bom dia.

Sou o Prof. Alan Carvalho, Coordenador do Curso de Jogos Digitais da Fatec de São Caetano do Sul (SP). Peço licença para depositar algumas palavras em sua caixa postal e agradeço desde já pela atenção que venha a dar a esta mensagem.

Estamos em um momento no qual o setor de Jogos Digitais começa a ser visto como parte da cadeia produtiva no Brasil e não apenas mais como brincadeirinha ou coisa de desocupados e malucos.

Imagino o esforço que você faz aí na sua IES para gerir um curso de qualidade, que represente uma opção real de formação profissional para um mercado que está aos poucos se desenvolvendo. Assim como na IES onde atuo, na sua dezenas ou centenas de alunos confiam e apostam suas fichas neste curso e em um setor produtivo que ajudarão a estruturar. E isso é uma grande responsabilidade que carregamos diariamente, claro que não sozinhos, mas não deixa de ser trabalhoso.

Suponho que você tenha acompanhado as recentes discussões sobre o Vale Cultura poder ou não ser usado para aquisição de games. Houve uma audiência pública na Assembleia Legislativa de SP nesta semana e a ministra da Cultura, Martha Suplicy, colocou-se contrária à inclusão dos games no Vale Cultura pois, segundo ela, “eu não acho que jogos digitais sejam cultura”. Há um artigo bem interessante a respeito em http://cyberkao.geek.com.br/posts/20620-para-ministra-game-nao-e-cultura-sim-ele-e

Em minha opinião, essa posição da ministra trata-se mais de uma questão de desinformação do que outra coisa, mas que ao mesmo tempo faz com que nosso setor possa acabar deixando de desfrutar da oportunidade de participar desse programa do Governo Federal.

Acredito que a Academia precisa se posicionar sobre o caso e por isso estou escrevendo a cada coordenador de curso de graduação de Jogos Digitais no Brasil, para que cada um desses cursos – representados pelo seu coordenador, corpo docente e discente – pudesse produzir um documento que seria encaminhado ao Ministério da Cultura por algum interlocutor – por exemplo o Moacyr Alves da Acigames, que vem buscando junto ao Governo Federal uma maior atenção para o mercado de jogos digitais. Ou, se você tiver algum canal direto com o Ministério e quiser encaminhar esse documento por sua conta fique à vontade. O importante é que essa posição seja marcada e que nos manifestemos.

Alguns podem rebater, dizendo que não há jogos a R$ 50 (valor do benefício) para serem vendidos, mas isso é um segundo movimento, uma discussão posterior. O importante nesse momento, em minha opinião, é que o setor não perca esse espaço. Depois pode-se discutir até que ponto um game de prateleira pode ser vendido por R$ 50. De repente acaba sendo até um incentivo para a indústria nacional, quem sabe?

O que acha? Eu vou convidar os alunos e professores aqui da Fatec SCS para que possamos produzir esse documento e te convido a fazer o mesmo aí com o pessoal da sua IES. Reforço a ideia de que a Academia tem muito a colaborar nessa questão, até porque temos no Brasil professores e alunos com capacidade de expressar uma opinião consistente e que pode gerar frutos para o setor e para a economia como um todo. Esse é o meu interesse em gerar esse movimento. Existem questões que estão acima de concorrências entre instituições de ensino, como por exemplo ações que possam contribuir para o fomento da indústria do setor.

É isso. Agradeço novamente pela atenção e pela paciência em ler essas palavras. Muitas pessoas não gostam de e-mails longos, mas não creio que fosse possível “tuitar” a respeito. Desejo sucesso por aí e estou à disposição para trocarmos ideias qualquer hora dessas.

Saudações acadêmicas,
Prof. Alan Henrique Pardo de Carvalho
alan.carvalho@fatec.sp.gov.br
Coordenador do Curso de Tecnologia em Jogos Digitais
Fatec São Caetano do Sul
http://www.fatecsaocaetano.edu.br