Sobre o primeiro turno para Presidente – 2022

O resultado do primeiro turno da eleição presidencial foi uma surpresa – e até uma decepção – para quem se guiou unicamente pelos institutos de pesquisa e nesse sentido Bolsonaro conseguiu uma grande vitória, mesmo ficando atrás de Lula.

Há um questionamento de ambos os lados quanto a possível baixa fiabilidade das pesquisas, que chegaram até a apontar vitória de Lula no primeiro turno. Sem entrar em argumentos conspiratórios, uma das possíveis explicações é que haja quem tenha deixado de declarar seu voto nessas pesquisas e achou melhor manifestar sua escolha apenas na hora H. Mesmo assim, não se pode deixar de notar a enorme distorção entre o projetado e o realizado.

Sobre números, ao comparar o primeiro turno de 2018 com o de 2022 vê-se que, em termos percentuais, Bolsonaro teve menos votos em 2022 do que em 2018 (43,20 x 46,03) e dessa vez houve uma disputa acirrada, diferente de 2018. Agora foi 48,43 x 43,20 contra 46,03 x 29,28 há quatro anos.

Quanto às abstenções, votos nulos e brancos, embora os percentuais de abstenção no primeiro turno de 2018 e 2022 não tenham sido tão diferentes (20,33 x 20,95), dessa vez houve uma diminuição expressiva nos votos nulos (6,14 x 2,82) e em branco (2,65 x 1,59), ou seja, quem foi votar escolheu algum candidato, o que pode significar uma preocupação maior com a escolha do mandatário da Nação nos próximos quatro anos.

A diferença entre os dois no momento em que escrevo esse texto, faltando computar os votos de algumas poucas seções, é de quase 6.200.000 votos. Os outros candidatos, somados, totalizam quase 9.900.000 votos.

Haverá transferência de votos para o segundo turno, mas considero pouco provável que haja uma transferência maior de votos para Bolsonaro do que a transferência para Lula.

Outro ponto a se considerar é que haverá quem tenha votado em algum candidato que não tenha ido para o segundo turno e que ou não vá votar, anule ou vote em branco pela simples rejeição aos dois primeiros colocados.

Ainda existe a possibilidade de menor comparecimento dos eleitores em estados cujas eleições para governador já tenham sido decididas (AC, AP, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PR, PI, RJ, RN, RR e TO). Desses estados, Lula teve mais votos em oito (MG sendo um deles) e Bolsonaro em seis. Isso pode ter alguma influência no resultado do segundo turno e a militância de ambos os lados terá trabalho pela frente quanto a isso.

Com tudo isso entendo que, ainda que se diga que o segundo turno é uma outra eleição, os apoiadores de Bolsonaro terão mais dificuldade de reverter o quadro do que os de Lula em mantê-lo. Assim, acredito que no final Lula vencerá e possivelmente terá um desafio pela frente que será lidar com um Congresso que pode não lhe ser tão favorável assim. Mas isso é assunto para outro texto. Ou não.

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