Jogos digitais e Violência – de novo?

Meme: Keep calm and corra para as montanhas

E novamente vamos lá, para mais um momento em que um político fala sobre algo que não entende. Até aí, nada de novo no front. Só que se trata do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que essa semana resolveu fazer um pequeno, raso, desastroso e pernicioso discurso tentando associar os jogos digitais, ou jogos eletrônicos, ou games, ou videogames, como queira, à violência. Para quem não sabe do que estou falando, foi durante uma reunião realizada no Palácio do Planalto em 18/04/2023 sobre ações integradas de proteção nas escolas. O trecho em questão começa em 2:29:29, mas você pode conferir o vídeo completo se quiser.

Esse não é o primeiro e nem o último ataque que os jogos digitais sofrem e a discussão sobre os impactos de jogos que contém violência no comportamento humano não é nova. Estima-se que na década de 1970 um jogo chamado Death Race, que teria sido baseado no filme Death Race 2000 (1975), tenha sido o estopim (no pun intended) da polêmica. Os desenvolvedores do jogo negam o vínculo com o filme, mas isso não é o cerne da questão.

Ao longo dessas décadas, em vários momentos e lugares tem sido possível observar manifestações contrárias aos jogos digitais, tentando associá-los a comportamentos violentos. No Brasil, lembro-me de um projeto de lei (PLS 170/2006) do então senador Valdir Raupp (RO), que tinha como objetivo classificar como crime “o ato de fabricar, importar, distribuir, manter em depósito ou comercializar jogos de videogames ofensivos aos costumes, às tradições dos povos, aos seus cultos, credos, religiões e símbolos”. Houve muita movimentação por parte de desenvolvedores e acadêmicos ligados à indústria brasileira de jogos digitais, o que contribuiu para que o senador pedisse o arquivamento do projeto. Aqui você pode ler um pouco a respeito da iniciativa e aqui uma ótima matéria sobre a desistência do senador, com diversas outras informações a respeito do episódio.

Em maio de 2013, o então deputado federal Jair Bolsonaro (RJ), em uma participação no programa Mulheres, da TV Gazeta (SP), gravado em 24/05 daquele ano, referiu-se aos jogos digitais como “um crime”, dizendo que “precisa coibir” e que “não aprende nada”. Fica aqui o link para o vídeo completo para que você extraia suas próprias conclusões, sendo que a fala começa entre 18:34 e 18:35. Uma matéria da coluna Start no portal UOL abordou bem o episódio, inclusive com a réplica do também deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro.

Já em janeiro de 2016, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, que participava de evento na Organização dos Estados Americanos (OEA) apresentando um pacto nacional criado pelo governo federal para diminuição dos homicídios no Brasil, deu sua contribuição ao rol de declarações associando jogos digitais à violência, o que também repercutiu na mídia brasileira, como por exemplo nesta matéria do Olhar Digital, essa outra do The Enemy e essa do Drops de Jogos, que tece diversas considerações sobre outro episódio lamentável quando Martha Suplicy, ministra da Cultura, declarou que “games não são cultura” e não valiam para o Vale Cultura.

E, mais recentemente, na esteira da comoção causada pela matança na escola Professor Raul Brasil, em Suzano (SP) ocorrida em 13/03/2019, o ex-Vice-Presidente da República Hamilton Mourão foi mais um dos que deu sua opinião sobre aquilo que não conhece, novamente no sentido de associar jogos digitais à violência. Isso também repercutiu na mídia e aqui destaco algumas matérias do Correio Braziliense, que inclusive traz a reação da comunidade ligada aos jogos digitais, do Tecmundo e no R7.

Em todos esses infelizes episódios, assim como no atual, houve muita repercussão junto a toda a indústria brasileira de jogos digitais, que inclui o público consumidor, mas muitos profissionais do meio empresarial e do meio acadêmico, que trabalham no desenvolvimento de jogos digitais, na formação de profissionais para o setor e no desenvolvimento de pesquisas científicas sobre os jogos digitais, inclusive estudando a relação entre jogos digitais e violência.

Então passamos a falar de Ciência, algo que foi colocado à exaustão durante os últimos anos. Há décadas, pesquisadores vêm se debruçando sobre o tema em instituições de ensino e pesquisa ao redor do mundo, gerando artigos científicos, dissertações, teses, relatórios e livros. Os resultados dessas pesquisas são apresentados em simpósios, congressos e outros eventos acadêmicos ou não realizados todos os anos em diversos países.

Nesse sentido e abrindo um parêntese providencial, quero destacar o importante papel que tem tido o SBGames, evento que realizou sua 20ª edição em 2021 e reúne anualmente professores, pesquisadores e outros profissionais da indústria para discutir e apresentar resultados de pesquisas acadêmicas e da produção brasileira de jogos. Entre as várias pesquisas apresentadas, existe toda uma gama de trabalhos na trilha de Educação que vem mostrando há anos o trabalho desenvolvido em diversas instituições brasileiras de ensino e pesquisa, com diversas experiências exitosas na aplicação de jogos na educação.

O fato é que, até o momento, e digo isso pois a Ciência vive de questionar a si própria, questionar os resultados obtidos em pesquisas e produzindo conhecimento a partir de novas pesquisas, não se encontra uma relação de causa e efeito que possa ser comprovada entre jogar jogos violentos e praticar violência “na vida real”.

O que se percebe, por outro lado, são os vários benefícios que os jogos digitais trazem às pessoas nos mais diversos campos, como por exemplo o estímulo à criatividade, resolução de problemas, aprimoramento de reflexos e da coordenação motora, a compreensão e o respeito a regras e também a socialização, sendo claro que isso atinge pessoas de diferentes idades. Inclusive é interessante citar o crescimento da adesão de idosos aos jogos digitais, como destacado em matérias do Olhar Digital, da Exame e do MeuPlayStation.

A violência é um problema complexo e que possui diversas causas de ordem econômica, social e de saúde. É extremamente raso atribuir a apenas um fator, no caso os jogos digitais, um poder de influência sobre o comportamento, fazendo com que pessoas passem a agir violentamente por terem jogado jogos violentos. Fazendo um paralelo em tom de piada, muito comum na comunidade gamer, seria o equivalente a alguém se tornar encanador por ter jogado muitos jogos do Mário, ou ter ficado rico ao jogar uma versão digital do Banco Imobiliário.

Quando autoridades como todas as citadas e outras fazem declarações apontando supostos perigos dos jogos digitais, todo o trabalho de uma indústria que vem lutando para crescer há vários anos, gerando postos de trabalho, conhecimento e formação é colocado em xeque. A falta de informação e os achismos permitem o florescimento do preconceito, da depreciação pura e simples do trabalho de desenvolvedores, pesquisadores e professores, entre outros profissionais, que atuam em diversas frentes todos os dias para produzir jogos como Dandara, Unsighted, Arida: Backland’s Awakening, Hazel Sky, só para citar alguns, ou para capacitar pessoas que possam trabalhar nos mais de 1000 estúdios brasileiros, como mostra a Pesquisa da indústria brasileira de games, relatório publicado em 2022 pela Abragames, associação brasileira de empresas do setor, ou abrir seu próprio estúdio.

Existem muitos profissionais no Brasil capacitados, tanto no âmbito empresarial como no acadêmico, para tratar do assunto e a quem as autoridades podem recorrer para obter informações de forma a evitar declarações potencialmente danosas, como essa última do Presidente da República, sobre o que tanto se falou nessa última semana.

Caso queira conhecer uma carta aberta, escrita por um coletivo de pesquisadores, coordenadores de curso e professores de cursos de Jogos Digitais e áreas afins, bem coo desenvolvedores, acesse por este link. Outras pessoas e entidades se mobilizaram e produziram cartas e outras formas de manifestação. Eu mesmo gravei um vídeo a respeito, que pode ser assistido aqui.

Brasil, 523 anos

Mapa do Brasil

Hoje comemoramos os 523 anos do descobrimento do Brasil, um país tão rico em vários aspectos e tão pobre em outros, como por exemplo nas condições de vida de boa parte de sua população e no uso que se faz da arrecadação de impostos, taxas e contribuições, embora para essa última o Estado brasileiro funcione como uma máquina de precisão.

Ouço desde criança que o Brasil é o país do futuro, só que esse futuro parece nunca chegar. É claro que houve avanços em vários campos, mas muito ainda há o que fazer e isso passa por questões para as quais os ocupantes dos Três Poderes precisariam direcionar mais atenção e não é estranho questionar até que ponto estão realmente interessados nisso. Saúde e Educação, para começar.

Que o futuro reserve a quem estiver nele um Brasil melhor, onde se possa pelo menos viver razoavelmente bem, onde todas as pessoas tenham o que comer e onde morar, onde haja um sistema público de Saúde que consiga realmente atender às necessidades de quem precisa e onde haja serviços privados de Saúde para quem quiser deles usufruir; onde se possa ter uma Educação pública, gratuita e de qualidade, mas também possa ter Educação privada de qualidade para quem quiser dela desfrutar; onde se possa buscar emprego e onde se possa empreender; onde se possa sair de casa com maior tranquilidade, sem a preocupação de eventualmente não conseguir voltar vivo no fim do dia; onde a criminalidade seja combatida com meios justos e eficientes e a impunidade não seja uma constante, onde a corrupção e os desmandos sejam cada vez menos presentes.

Esses são apenas alguns desejos que acredito compartilhar com muitas outras pessoas de todas as idades, etnias e de tantas outras características que fazem o Brasil ser um dos países com maior diversidade no planeta e que pode usar essa diversidade a nosso favor, crescendo e ao mesmo tempo trazendo à sua população a certeza de que aqui pode ser o melhor lugar para se viver.

Finalmente, para não deixar a tradição de lado, fica aqui meu Huhu! para o aniversariante.

Sobre o primeiro turno para Presidente – 2022

O resultado do primeiro turno da eleição presidencial foi uma surpresa – e até uma decepção – para quem se guiou unicamente pelos institutos de pesquisa e nesse sentido Bolsonaro conseguiu uma grande vitória, mesmo ficando atrás de Lula.

Há um questionamento de ambos os lados quanto a possível baixa fiabilidade das pesquisas, que chegaram até a apontar vitória de Lula no primeiro turno. Sem entrar em argumentos conspiratórios, uma das possíveis explicações é que haja quem tenha deixado de declarar seu voto nessas pesquisas e achou melhor manifestar sua escolha apenas na hora H. Mesmo assim, não se pode deixar de notar a enorme distorção entre o projetado e o realizado.

Sobre números, ao comparar o primeiro turno de 2018 com o de 2022 vê-se que, em termos percentuais, Bolsonaro teve menos votos em 2022 do que em 2018 (43,20 x 46,03) e dessa vez houve uma disputa acirrada, diferente de 2018. Agora foi 48,43 x 43,20 contra 46,03 x 29,28 há quatro anos.

Quanto às abstenções, votos nulos e brancos, embora os percentuais de abstenção no primeiro turno de 2018 e 2022 não tenham sido tão diferentes (20,33 x 20,95), dessa vez houve uma diminuição expressiva nos votos nulos (6,14 x 2,82) e em branco (2,65 x 1,59), ou seja, quem foi votar escolheu algum candidato, o que pode significar uma preocupação maior com a escolha do mandatário da Nação nos próximos quatro anos.

A diferença entre os dois no momento em que escrevo esse texto, faltando computar os votos de algumas poucas seções, é de quase 6.200.000 votos. Os outros candidatos, somados, totalizam quase 9.900.000 votos.

Haverá transferência de votos para o segundo turno, mas considero pouco provável que haja uma transferência maior de votos para Bolsonaro do que a transferência para Lula.

Outro ponto a se considerar é que haverá quem tenha votado em algum candidato que não tenha ido para o segundo turno e que ou não vá votar, anule ou vote em branco pela simples rejeição aos dois primeiros colocados.

Ainda existe a possibilidade de menor comparecimento dos eleitores em estados cujas eleições para governador já tenham sido decididas (AC, AP, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PR, PI, RJ, RN, RR e TO). Desses estados, Lula teve mais votos em oito (MG sendo um deles) e Bolsonaro em seis. Isso pode ter alguma influência no resultado do segundo turno e a militância de ambos os lados terá trabalho pela frente quanto a isso.

Com tudo isso entendo que, ainda que se diga que o segundo turno é uma outra eleição, os apoiadores de Bolsonaro terão mais dificuldade de reverter o quadro do que os de Lula em mantê-lo. Assim, acredito que no final Lula vencerá e possivelmente terá um desafio pela frente que será lidar com um Congresso que pode não lhe ser tão favorável assim. Mas isso é assunto para outro texto. Ou não.

Liste dez jogos que fizeram alguma diferença na sua vida (2/10)

Essa é a segunda parte de uma lista criada a partir de um desafio que rolou no Facebook em 2014. A ideia era listar dez jogos que fizeram alguma diferença na sua vida. Eu entrei na brincadeira e, além de escrever a lista, resolvi escrever um pouco sobre esses jogos. Publiquei aqui a primeira parte e por uma série de motivos acabei deixando as outras para depois, um depois bem longo como podem verificar.

Mas, antes tarde do que nunca. Lá vai o segundo jogo…

Digger

digger

Digger foi um jogo desenvolvido por Rob Sleath e lançado em 1983 para PC pela empresa canadense Windmill Software, que hoje em dia não mais desenvolve jogos.

O jogo se desenvolve no subterrâneo, onde você (que tem uma escavadeira – digger) pode cavar (dig) túneis horizontais e verticais e já existe um túnel cavado. Em vários lugares estão espalhadas esmeraldas e sacos de ouro. Você deve abrir caminho escavando a terra e comendo as esmeraldas, ganhando pontos e até bônus em alguns casos. Se você escavar a terra sob um saco de ouro, ele vai tremer por alguns instantes e cair. Dependendo da altura, o saco poderá se abrir e você poderá coletar o ouro, o que te dá mais pontos.

É claro que precisa haver algo para te atrapalhar nisso, e nesse caso são monstros (nobbins), que vão aparecendo de tempos em tempos no canto superior direito da tela e te perseguindo pelos caminhos que você mesmo vai abrindo. Se um monstro te pegar você perde uma vida e se perder todas as vidas precisa começar tudo de novo.

Há algumas formas de matar um monstro: dando um tiro nele, mas a arma demora um pouco para recarregar; outra forma é soltar um saco de ouro sobre o monstro. Um detalhe interessante é que você pode empurrar os sacos de ouro para a esquerda ou para a direita e isso te dá mais possibilidades para matar os monstros conforme vai abrindo caminhos na terra.

Toda vez que você mata um monstro, um novo aparece no canto superior direito da tela até uma quantidade que vai depender do nível em que esteja jogando naquele momento. Quanto maior o nível, mais monstros vão aparecendo em intervalos cada vez menores. Depois que todos os monstros tiverem aparecido, uma cereja aparecerá em algum lugar da terra. Se você conseguir coletá-la, entrará em modo bônus e poderá durante alguns segundos comer os monstros – algo bem parecido com o que ocorre em Pac-Man. Esse tempo do modo bônus vai diminuindo conforme você avança de fase.

Ainda tem um detalhe sobre os monstros: em níveis mais avançados eles mudam para a forma de hobbin e com isso sua vida ficará mais complicada, pois eles poderão cavar e destruir as esmeraldas e os sacos de ouro.

O áudio de Digger era muito interessante: durante o jogo normalmente era tocada uma música synthpop chamada “Popcorn”, criada por Gershon Kingsley em 1969 e que lembrava o estouro da pipoca. No modo bônus era tocado um trecho da Overture de Guilherme Tell e se você perdesse uma vida era tocado um trecho da Marcha Fúnebre, fora os sons dos efeitos que eram bem legais.

Para avançar um nível basta coletar todas as esmeraldas ou matar todos os monstros. Parece fácil? Dá pra tentar saber. Hoje em dia existe uma versão de Digger que pode ser jogada aqui e é bem fiel ao jogo original, pelo que me lembro.

Bem, essa série é sobre jogos que fizeram alguma diferença na minha vida. Está curioso para saber? Deixe um comentário que eu conto. 🙂

Redução da maioridade penal – algumas palavras

Uma discussão que tem ocorrido – não de hoje – é sobre a redução da maioridade penal. Há quem seja favorável, quem seja contrário e quem não tenha opinião definida.

Aos contrários à redução da maioridade penal pergunto: qual a solução para o curto prazo?

No meu entendimento para o longo prazo é a Educação, é o melhor uso dos impostos para propiciar serviços públicos de qualidade e melhores condições de vida, o que pode vir a tornar a criminalidade cada vez menos atraente.

Mas e para hoje? Eu saio de casa e minha esposa fica torcendo e rezando para que eu volte vivo. Isso porque eu não sou policial, sou professor. E não trabalho no meio de uma zona de guerra.

Semana passada mais um se mudou da vizinhança pois foi assaltado na frente de sua casa com um “cano” na cabeça. Para sorte dele só levaram o carro. Hoje os caras estão matando por nada. E parte deles é de menores de idade, alguns deles ruins.

Tem gente má. Gente que mata para ouvir o barulho do corpo caindo no chão. Alguém aqui já ouviu esse depoimento? Eu já. O que dizer de um menor desses? Coitadinho? Vítima do sistema? Pode ser mas…e a pessoa que tomou o tiro é o quê? Culpada? Só faltava essa. O rabo está abanando o cachorro. Virou moda dizer que o culpado não é o bandido.

As pessoas estão ficando desesperadas. Os focos de revolta estão começando a crescer. Volta e meia vemos notícias de populares que lincharam bandidos que não conseguiram perpetrar os crimes e nem escapar. É esse o caminho em que a sociedade vai entrar? Justiça com as próprias mãos? Têm certeza de que esse é o mundo em que querem que seus filhos cresçam?

Realmente é uma situação complicadíssima. Estamos em guerra civil. Só não admite quem não quer. E pergunto novamente: qual a solução para o agora? E solução prática, que possa ser implementada hoje, não utopias ou sonhos.

Eu (e vários que conheço) cresci numa época em que governos faziam um monte de merdas no que se refere aos direitos individuais, mas vagabundo tinha medo da “barca”. Só um suicida entrava em confronto com a polícia. Havia criminalidade? Sim, havia. Mas nada próximo ao que está acontecendo. Hoje o policial precisa se esconder, os bandidos estão disputando para ver quem mata mais. Isso é certo? Faz sentido? Realmente é isso que a sociedade quer?

Não estou pedindo a volta dos militares ou qualquer besteira dessas. Só quero o que os não criminosos querem: viver em paz. Que essa barbárie seja exceção e não praticamente a regra, pois é o que está acontecendo.

Alguém tem uma solução para hoje, para que possamos tentar viver em paz?

Um pensamento sobre a terceirização

Boa parte deste texto está em um post meu no Facebook, dentro de um grupo do qual participo. A discussão era relacionada aos possíveis impactos da terceirização para os profissionais e empresas de desenvolvimento de games. No Brasil, boa parte das empresas de games são bem pequenas e o mercado ainda está em desenvolvimento, de forma que é difícil para muitas dessas empresas sobreviver, o que justificaria terceirizar sua força de trabalho ao invés de pagar os pesados encargos trabalhistas por terem de contratar funcionários celetistas.

A terceirização de “atividades meio” já é permitida pela legislação, tanto que existem empresas especializadas em fornecer mão de obra como ascensoristas, vigilantes e profissionais de TI, desde que não seja para empresas que não sejam desses ramos de atividade. Por exemplo: um banco pode terceirizar profissionais de TI que atuem nele, mas não os caixas ou gerentes. No caso de uma empresa de desenvolvimento de games, não seria possível terceirizar um programador ou um artista visual, por exemplo, pois eles atuam na atividade fim da empresa.

A terceirização se dá de mais de uma forma, sendo comum em certas áreas que o profissional seja um “PJ”, ou seja, tenha de abrir uma empresa para poder prestar serviços a quem o contrata. Em outros casos, o profissional é contratado via CLT por uma empresa, que oferece a mão de obra a uma outra. Isso é comum em fornecedores de serviços gerais, como limpeza e vigilância, por exemplo.

O PL 4330/04, de autoria do deputado Sandro Mabel (lembrou das bolachas? não é coincidência), prevê que a terceirização passe a ser possível para todos, independente de atuarem em atividades meio ou atividades fim. Isso significa que os caixas e os gerentes poderão ser terceirizados em bancos, que professores poderão ser terceirizados em escolas e faculdades e assim por diante. Esse projeto de lei vem sendo alvo de muitas discussões e há os seus defensores, assim como os seu detratores.

A primeira vez que eu ouvi falar em CLT x PJ foi em 1993, provavelmente já se falava nisso antes e não apenas em ocupações ligadas à TI. A história é sempre a mesma, as enganações e as frustrações também.

O papo de que se pode receber mais pois o cliente (na verdade o empregador disfarçado em muitos casos) não tem que pagar os encargos trabalhistas é uma grande falácia em muitos casos. Para alguns pode ser uma novidade, mas a exploração do PJ (nesses casos na verdade um empregado que não tem CTPS assinada) existe há bastante tempo e não se pode ser inocente, pois o poder está nas mãos de quem detém o capital, de quem vai te pagar pelo trabalho que desenvolver.

Outra ingenuidade que não pode existir é a de achar que deputados, senadores, a pqp, vão pensar em nós na hora de elaborar uma lei. Os caras pensam é neles mesmos na maior parte do tempo. Nós (e boa parte da população) somos um mal necessário na visão desses caras. Alguém tem que pagar a conta e somos todos nós. Não tem nenhum bonzinho em Brasília ou nas casas legislativas do restante do Brasil.

Que vantagem o “cliente” (na verdade o empregador) teria em te pagar o equivalente ao INSS, 13º, férias, FGTS e vale transporte (estou citando o pacote básico de benefícios da CLT)? Você precisará negociar o seus honorários (na verdade seu salário disfarçado).

O que acaba acontecendo em muitos casos é que se recebe 1000/mês sendo PJ, os mesmos 1000 que receberia sendo CLT (substitua 1000 pelo valor que achar melhor). Aí todo mundo fica contente: o “cliente” que não teve de pagar os encargos trabalhistas, e você vai se achar super independente por não ter uma CTPS assinada, “coisa de velho” ou “não combina com a era digital” como gostam de dizer os avançadinhos.

Só que você, que se acha o espertão, não vai ter férias, 13º, FGTS, terá de recolher o seu INSS se quiser contribuir para a Previdência, vai pagar pelo seu transporte se tiver de trabalhar dentro do “cliente”, não vai ter subsídio para um plano de saúde ou quem sabe um ticket refeição. Você, trabalhador da era do conhecimento, da economia criativa, dos games que são tão cool e não essas coisas de velho, da economia do “brick and mortar”, da era industrial como a CLT, terá de bancar tudo isso.

Pode haver casos em que realmente seja melhor para as duas partes (empregador e empregado ou cliente e prestador de serviços, como queira) uma relação de PJ, desde que não seja um emprego disfarçado. Não vejo que faça sentido CLT para freelancers, por exemplo.

Mas se alguém precisa trabalhar para uma empresa com regularidade de horários, dias da semana, tem chefe, responsabilidades definidas e outras coisas típicas de funcionários, é um funcionário. Pode até não gostar disso, mas é. E aí é exploração manter um funcionário sem colocá-lo na CLT, a não ser que você o pague muito bem e isso compense os encargos que não recolherá.

E não tenham dúvida de que empresários de determinados setores, como a educação por exemplo, já estão se preparando para esse cenário de terceirização. Como sempre, levas e levas de professores serão demitidos nas instituições particulares ao final do semestre e serão recontratados como terceiros, ganhando o mesmo ou menos. Quem vai se beneficiar disso?

Tem quem defenda a possibilidade de terceirizar os funcionários públicos pois, na visão desses, não passam de um bando de sanguessugas improdutivos e que ainda desfrutam de estabilidade. Eu sou funcionário público e onde trabalho não tem ninguém encostado. O que não podemos fazer muitas vezes é decorrência das amarras legais e não da falta de vontade. E me arrisco a dizer que é assim em muitos lugares. Tem os vagabundos? Sim, como há em qualquer lugar. Mas são exceção e não regra.

E aproveito para perguntar: onde está o real problema do Brasil, na terceirização? O pessoal está perdendo o foco. Olhem para Brasília, para as casas legislativas de estados e municípios, para os palácios do governo nos estados. Boa parte dos nossos problemas vem desses lugares. E com esse pessoal, vai acontecer o quê?

Um devaneio na Black Friday

Estava eu à toa em casa, assistindo a Black Friday na tv só para ver tudo aquilo que eu não comprarei e de repente, não mais que de repente, pipocou na minha cabeça uma situação hipotética que achei interessante compartilhar com vocês.

Imagine uma criança que estuda em uma escola onde os alunos podem praticar uma determinada modalidade esportiva e inclusive participar de um torneio representando essa escola, que compete com outras escolas de sua região. Essa criança se dedicava aos treinos por gostar daquela modalidade esportiva e chegou a treinar mais em outro lugar para aprimorar sua técnica, pois ficou animada em poder competir e ajudar a escola no torneio.

Essa criança esteve em todas as etapas do torneio, torceu pelos colegas, pelos amigos, teve alguns bons resultados e com isso contribuiu de forma significativa para que sua escola fosse a melhor colocada no final do torneio. E a criança festejou com seus pais em casa o êxito da escola na competição. E animou-se em continuar treinando no ano seguinte na escola.

Após o fim do torneio, a escola anunciou que premiaria os alunos que tivessem se destacado durante o ano e essa criança ficou na expectativa do que poderia acontecer, pois ela teve consciência de que seus resultados fizeram diferença para o êxito da escola no torneio. Ficou muito contente ao saber que uma grande amiga, que estuda em outra escola, fora selecionada como destaque.

Como o mundo nem sempre nos dá aquilo que esperamos, essa criança não foi chamada como uma das alunas que se destacaram naquela modalidade esportiva. Apesar da frustração da criança, os pais explicaram que nem sempre as coisas são do jeito que se gostaria e que a escolha foi feita com base em algum critério, mesmo que os pais não tenham sido informados sobre que critérios teriam sido esses e portanto não conseguiram satisfazer a curiosidade natural da criança.

Com a frustração, veio a vontade da criança de desistir das competições. E os pais disseram que poderia ser importante insistir, que mesmo sem o reconhecimento da escola seu esforço seria importante. Preparar-se para competições e participar, vencendo ou não, ajudaria no crescimento e na formação da própria criança.

No dia seguinte à premiação, naturalmente essa criança ficou sabendo um pouco mais sobre quem foi premiado. Um fato interessante nessa história, por exemplo, envolve outro aluno que não treinou nessa escola, mas a representou no torneio e por isso foi considerado um destaque. Para aquela criança isso soou estranho.

A criança ficou sabendo que outros alunos, que tiveram resultados piores que os dela no torneio ou que nem mesmo participaram de todas as etapas, foram considerados como destaques. E para aquela criança isso soou estranho.

E com isso a criança aprendeu que o mundo não parece justo e muitas vezes parece incoerente aos nossos olhos. Aprendeu como as pessoas podem ficar confusas quando certos fatos não são explicados. Mas ao mesmo tempo fortaleceu sua vontade de continuar praticando aquela modalidade esportiva mesmo que seu esforço não tenha sido reconhecido, pois é algo de que aquela criança gosta de fazer.

Avisos: Esta história é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, ou com fatos ocorridos na vida real, é mera coincidência. Nenhum animal ou ser humano foi ferido durante a elaboração dessa história.

Algumas questões sobre a construção de uma sociedade mais justa

Um amigo publicou no Facebook um post sobre o assunto. Tomo a liberdade de reproduzir o texto aqui e colocar minha resposta a seguir, pois o Facebook é um ótimo lugar para você publicar textos e os mesmos irem para alguma espécie de buraco negro. Desde já aviso ao meu amigo que, se ele quiser, posso remover seu texto daqui.

O texto do meu amigo é esse:

Diga-me: o combate ao crime passa pela inclusão social ou pela redução da maioridade penal? Vc prefere morar em casas com jardins abertos ou em fortalezas super seguras? Vc acha que o ensino de qualidade deve ser privilégio de todos? Ou prefere gastar mundos e fundos pros seus filhos estudarem? Vc prefere uma saúde universalizada ou pagar planos exorbitantes? Vc curte ciclovias ou joga tachinhas? Suja o chão público ou curte uma lixeira reciclável? Acho que a construção de uma sociedade mais justa passa por questões como estas, e vc?

Minhas considerações seguem:

O combate ao crime, hoje, passa pela inclusão social e pela redução da maioridade penal. Infelizmente estamos em tempos duros. E tempos duros exigem medidas duras. Deve-se reduzir a maioridade penal e conforme a inclusão social for trazendo resultados pode-se pensar em voltar a maioridade penal para 18 anos. Não dá para esperar essa inclusão dar certo. Há uma questão emergencial para ser tratada e a população está sendo deixada à própria sorte. Na verdade eu penso que não deveria haver maioridade penal. Há (muitos) menores de idade que entendem perfeitamente a natureza de seus atos e podem ser responsabilizados como adultos, a exemplo do que se faz em outros países.

Quanto a morar em casas com jardins abertos ou em fortalezas, é a mesma coisa do parágrafo acima. Hoje o trabalhador precisa viver atrás das grades enquanto o bandido circula livremente. Quem sabe, quando a criminalidade for combatida de forma que o potencial criminoso pense duas ou mais vezes antes de cometer o crime, possamos derrubar os muros e viver como meus pais viveram em São Paulo, quando o bairro onde eu morava tinha as casas com jardins na frente e nem uma cerquinha para separar as casas. Sonho meu…sonho meu…

O ensino de qualidade precisa ser privilégio de todos e isso poderia começar a ser resolvido se os filhos dos políticos fossem obrigados a estudar nas escolas públicas, as mesmas que os filhos dos trabalhadores que não têm condições de pagar frequentam. E mesmo quem paga, hoje o faz com muitos sacrifícios. Escola particular não é coisa de rico hoje em dia. É coisa de quem quer oferecer um mínimo de educação com qualidade para seus filhos.

Sobre o acesso aos serviços de saúde, digo o mesmo do parágrafo acima. Tinham de usar o SUS, o mesmo que aquele que não tem condições de pagar usa. E quem paga é mal atendido do mesmo jeito. Basta acompanhar minimamente o noticiário para ver.

Ciclovias são uma boa ideia, mas o transporte coletivo (ônibus, metrô, aerotrem etc.) precisa ser muito melhor em qualidade e em quantidade do que o atualmente disponível.

Reciclagem e reutilização são conceitos que não apenas precisam ser ensinados nas escolas, como precisam ser praticados pela população. Em relação à coleta seletiva, estamos anos-luz atrás do mínimo necessário. A (falta de) educação de muitas pessoas é impressionante. Além disso, o brasileiro foi acostumado a pensar que o Brasil é um país de recursos naturais infinitos e isso contribui para a cultura do desperdício. Às vezes eu penso que faltou ao Brasil ter tido uma guerra daquelas bem fudidas, com bombardeios etc. Quem sabe assim a população daria um pouco mais de valor aos recursos do Brasil?

É isso. Espero ter contribuído para a discussão. Quem quiser comentar fique à vontade.

Desafio: liste dez jogos que fizeram alguma diferença na sua vida (1/10)

Está rolando um desafio no Facebook no qual as pessoas desafiadas precisam listar seus dez jogos preferidos, ou dez jogos que fizeram alguma diferença em suas vidas, ou dez jogos que você curtiu por algum motivo etc.

Eu tenho uma lista, que não é a de “melhores jogos” ou “os mais não sei o que”. São dez que eu curti muito jogar e que me vieram à cabeça na hora, sem qualquer ordem de preferência.

Vamos ao primeiro…que rufem os tambores…

Afterburner

Afterburner (arcade)
Lançado em 1987 pela SEGA, é um arcade de simulador de combate aéreo. Você joga dentro de uma cabine estilizada e pilota um F-14 Tomcat para cumprir as missões, destruindo os inimigos e desviando dos tiros e mísseis deles.

O grande barato do jogo, para mim, era que a cabine se mexia conforme as manobras que eu fazia no manche. Claro que não dava um loop, mas já era sensacional (pelo menos para mim). A forma como o som ecoava na cabine era outra coisa que eu adorava e me envolvia bem nas partidas. E dá-lhe fichas…

Li na Wikipedia que houve versões de Afterburner para outras plataformas, como Commodore 64, MS-DOS, MSX, NES, Master System e ZX Spectrum. Eu não tive oportunidade de jogar nenhuma dessas outras e tenho certeza de que não seria possível reproduzir a sensação de estar na cabine que a versão inicial, do arcade, permitia.

Tem um vídeo legal de gameplay que eu achei no Youtube para quem nunca viu (ou jogou) ter uma pequena ideia de como era.

Não percam o próximo jogo, em breve. Se quiser fazer algum comentário fique à vontade. Aproveite e faça sua lista.

Atualização em 13/01/2016: finalmente consegui escrever sobre o segundo jogo. Clique aqui e confira.

Aula ou bar? Que dúvida…

Li um post no FB de um colega professor muito conceituado (e a quem aprecio) que eu não vejo há vários anos, mas procuro acompanhar o que escreve pois sempre tem algo interessante a dizer. Ele se referiu ao esforço dos profissionais da Educação no sentido de tornar as aulas mais atraentes para “tirar os alunos dos bares ao redor das universidades e trazê-los para as aulas de aula”.

Segundo ele (e eu concordo com essa visão), virou moda demonizar a aula expositiva e os professores deveriam inovar seus métodos de ensino. Ao mesmo tempo, ele comentou (e é outra verdade) que há professores que ministram ótimas aulas expositivas e com isso contribuem de forma significativa para o aprendizado de seus alunos.

É uma discussão muito pertinente e não existem fórmulas prontas. Tentarei contribuir de alguma forma com o debate e espero poder ajudar alguém com essas palavras.

Primeiro, acho importante deixar claro que minha área profissional hoje é a Educação. Lecionar para mim não é um “bico”, não é uma forma de complementar renda. E adoro lecionar, pois entendo que a Educação é uma das (talvez poucas) formas de se progredir honestamente na vida e fico muito contente em poder contribuir com isso. Eu sempre quis ser professor e hoje sou feliz como um porco na lama. 🙂

Isto posto, digo que como professor não me vejo como alguém que ensina já que no meu modo de ver o aluno é que aprende, se tiver vontade. Explico isso aos meus alunos e digo que se eles quiserem aprender eu estarei lá para trazer algumas informações básicas, tentar conectar essas informações com a realidade, indicar o que eles podem fazer para se aprofundar e tentar responder eventuais dúvidas deles, ainda que seja trazendo mais dúvidas. Nesse sentido eu ajudo quem posso e quem quer ser ajudado.

Digo ainda que eu não me vejo como alguém que tenha de incentivar os alunos a estudar ou mesmo a comparecer às aulas, já que eu entendo que ninguém apontou uma arma para a cabeça deles e ingressaram no curso porque quiseram. Cada professor faz aquilo que julga mais adequado para tentar atingir positivamente seus alunos, mas eu abomino essa história de fazer funk para explicar um assunto e não sou animador de auditório.

Outro ponto que eu procuro deixar claro: eu tenho a minha graduação completa, minhas pós e continuo estudando. Quem está buscando algo (ou deveria estar) é o aluno. Cabe a ele, na medida de seus interesses, dedicar-se a aprender aquilo que precisa, cumprir os créditos e concluir o curso. Vários alunos ingressam na graduação sem ao menos ter maturidade suficiente para entender a utilidade de determinadas coisas e muitos realmente não sabem nada sobre o mundo. Sinceramente, eu não vou ficar me esgoelando em uma sala de aula.

Ainda é importante notar que vemos alunos que chegam na faculdade e parece que viveram em uma bolha, em uma redoma onde tudo era lindo e maravilhoso e ele era o cara mais inteligente do mundo. Quando ele chega na graduação e descobre com uma crítica que não é tudo aquilo que ele foi levado a acreditar até aquele momento começa o conflito. Já li no Facebook depoimento de aluno que diz ter ficado nervoso pois o professor lhe disse que ele precisaria fundamentar seu discurso. Esse é um que provavelmente nunca foi contrariado.

Todos podemos aprender algo de duas formas: pelo amor ou pela dor. No mundo em que vivemos, com essa competição desenfreada e muitas vezes desleal à qual muitos de nós são submetidos, não tem DP. Assim, eu penso (e digo) que a faculdade é um local onde você pode aprender de forma cooperativa, onde haverá pessoas interessadas em que você aprenda (desde que você queira) e onde você pode errar à vontade, pois o máximo que acontece quando você se reprova em uma disciplina é ter de cursá-la novamente. Repito: aí fora não tem DP. Dependendo daquilo com que a pessoa vai trabalhar, um erro cometido por algo que não foi aprendido pode significar mortes. Pode parecer exagero de minha parte, mas isso é algo que muita gente não pensa.

É isso, pelo menos por enquanto. Como escrevi acima, espero com essas palavras ter contribuído com a discussão e poder ajudar alguém. Se você concorda, ou se discorda, ou se eu não expliquei alguma coisa direito, ou se apenas quiser dar um “oi”, fique à vontade.