Um “Exame da OAB” para todos: será que é por aí?

A partir de um artigo chamado A prova da OAB e os milhares de não advogados, da Sabine Righetti, colunista de políticas de Educação e Ciência da Folha online, resolvi dar minha opinião sobre o assunto.

Sugiro ler o artigo antes do texto que publico abaixo.

Sem entrar nas especificidades do Exame da OAB, uma vez que sou leigo, penso que todos os cursos deveriam ter algo parecido e que a aprovação nesse exame deveria ser requisito para emissão do diploma. Não tenho dúvidas de que haveria um pouco mais de seriedade por parte de certos alunos – que muitas vezes não estão minimamente preocupados com o esforço que deveriam fazer para estudar já que terão seu diploma garantido após pagar suaves prestações. E as instituições de ensino superior que passasem a ter menos alunos diplomados teriam de tomar as suas providências para melhorar o quadro ou acabariam perdendo alunos com o passar do tempo.

Além disso, penso que a nota do ENADE deveria vir impressa no histórico escolar e no diploma de graduação, pois como somente as instituições são penalizadas quando há uma nota baixa no ENADE, muitos “estudantes” não dão a menor importância para a prova. Vários chegam de ressaca por causa da “balada”, isso quando não chegam devidamente “calibrados”, seja pelo álcool ou pelo THC – para citar o mínimo. O ENADE é o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, não das instituições.

Não se trata de satanizar o aluno e colocar toda a culpa nele, mas não se pode negar que existe negligência e desinteresse por parte de muitos alunos, que hoje encontram uma instituição em cada esquina, quase se batendo com as concorrentes para captar mais esse “cliente” e essa posição de “cliente” é muito cômoda, claro que equivocada pois Educação não é geladeira. Aliás, eu queria saber quem inventou essa história de “aluno cliente”.

De qualquer maneira, é uma questão bem polêmica. Há pessoas que defendem que o MEC deveria fiscalizar melhor os cursos, outros que atribuem às entidades de classe um papel importante nessa fiscalização. Existem alunos a favor de exames como o da OAB, outros são contrários. O importante é que continuemos a discutir e tentar desenvolver ações para a melhoria da qualidade de ensino, sem esquecer que isso depende não apenas da instituição de ensino, mas dos seus alunos, que no meu modo de ver são os maiores interessados nisso.

Doutrinação ideológica na Educação: uma praga a ser combatida

Participo de vez em quando de algumas discussões muito interessantes no grupo do Facebook de uma das faculdades onde trabalho. Dessa vez, um de nossos alunos colocou um link para um artigo que trata da doutrinação ideológica na Educação, algo que vem ocorrendo há algum tempo.

Resolvi publicar aqui o que escrevi lá, pois a coisas no FB se perdem rapidamente. Espero que contribua para a discussão sobre o assunto, muito pertinente.

O autor do artigo não deixa de ter razão quando diz que a doutrinação não está só nos “comunistas”, mas nos “liberal conservadores”. E é errado tanto para um como para outro. Discutir reforma agrária, relações homoafetivas, distribuição de renda, globalização e outros temas é muito interessante, mas quando temos algo como o que mostrarei a seguir, a coisa muda de figura.

Livro didático capitalismo versus socialismo

Não somos bobos. Sabemos que as grandes corporações estão pouco se lixando para as pessoas, que são um mal necessário na visão desses conglomerados. Se houvesse a possibilidade de faturar sem que houvesse consumidores para encher o saco, sem que houvesse funcionários para causar problemas e sem governos para intervir e arrecadar, seria o Nirvana para esses caras.

Só que pintar o capitalista como “burguês” é fomentar o ódio e a revolta, especialidade sabemos de quem. Burguês o caramba. Grande parte das empresas no Brasil são micro, pequenas e médias, que conseguem sobreviver a duras penas. Inclusive contam com um sócio sanguessuga, o Estado Brasileiro, que sabe arrecadar como poucos no mundo, mas que é assolado em todos os níveis pela ineficiência e pela corrupção, para citar dois “pequenos” problemas. E vejam quem está no “alto” do Estado Brasileiro hoje.

E do outro lado, o mundo dos ursinhos carinhosos que é o socialismo. Ah, que enganação! Dizer que a fábrica pertence a “toda a sociedade”, que o povo trabalhador “é o dono de tudo” e que as decisões são tomadas “democraticamente” pela sociedade, que “planifica a economia” é atentar contra a inteligência de qualquer um minimamente informado.

Um dos maiores engodos de todos os tempos deu-se de 1917 até o início dos anos 1990, com a URSS e seus satélites. República Democrática da Alemanha, da qual não se podia escapar – a não ser morto ou próximo de. Vão ver no que deu a Primavera de Praga. Vejam como eram as condições de “vida” na Albânia. Isso só para ficar em três exemplos.

Muito se fala dos militares, cuja linha dura infelizmente torturou e matou no Brasil. Querem ver o que os “guerreiros da liberdade” brasileiros fizeram aqui, logo no início da ditadura 1964-1985? Vão ler sobre o Atentado do Aeroporto dos Guararapes. É isso que querem no Brasil? Pois é isso que está sendo fomentado, pouco a pouco, em todos os níveis educacionais.

É errado proibir que se discuta cidadania nas escolas e faculdades? Sem dúvida. Mas estuprar mentalmente alunos que sim, são influenciáveis por professores que sabem exatamente qual o discurso que devem usar – e como usam o canto da sereia – é tão ou mais errado quanto.

O jovem – não apenas ele – quer mudanças, quer uma sociedade onde se tenha melhores condições de vida, vê pai e mãe reclamarem todos os dias daquilo que o Estado Brasileiro deveria fornecer em troca dos impostos que arrecadam de qualquer balinha que é comprada no bar da esquina, usam um transporte público indigno e passam por outras coisas de que todos sabemos.

E os aproveitadores estão à espreita para lançar mão do discurso que prega na verdade a intolerância, pois se você não é “progressista”, só pode ser “reacionário”. Mas a Vida ensina que o mundo é muito mais complexo que isso.

Como já foi dito, deve-se apresentar todos os lados da moeda. Isso é respeitar o outro, é contribuir para o desenvolvimento de uma escola cidadã, seja na educação básica ou na superior.