Os R$ 0,20 ficaram caros…será que foi só isso?

Você mora ou tem um imóvel na cidade de São Paulo? Parabéns! Pois a Prefeitura de São Paulo, na figura de seu mandatário Fernando Haddad, antecipou o presente de Natal e está previsto um belo aumento no valor do imposto nos próximos anos.

É possível que a casa onde você mora tenha sido comprada às custas do trabalho árduo dos seus pais, que devem ter feito das tripas coração para garantir a moradia. Se foi esse o caso, problema deles e problema seu, pois vai ter de conviver com o presente de Natal do Tio Haddad…

De repente não foi esse o caso. Pode ser que você mesmo tenha comprado sua tão sonhada moradia, de repente com um financiamento para o qual você terá de pagar anos de prestações na Caixa Econômica Federal. Você pode ter ido num daqueles feirões da casa própria e vai ter de, todo santo mês e por sei lá mais quantos anos, destinar parte do salário suado que recebe para pagar seu financiamento. Além disso, você tem o presente de Natal do Tio Haddad…

Mas é possível que o imóvel não seja residencial e você seja um proprietário de um negócio qualquer, batalhando para conseguir ter alguma vantagem sobre sua concorrência cada vez mais feroz, contra os produtos chineses – se for o caso; tendo de lidar com calotes de clientes ou com a ineficiência de fornecedores, ou ainda com funcionários pouco comprometidos com o trabalho, com a falta de segurança pública que te faz ter de investir em segurança particular, alarmes, cachorros, reza brava ou seja lá mais o que for, isso sem contar com os impostos e taxas que você já tem que pagar. Você, que é o primeiro a chegar na empresa, o último a sair, que precisa ter mil olhos para que não te roubem, parabéns! Ganhou um belo presente do Tio Haddad.

E eu estava quase esquecendo de quem mora de aluguel, que precisa pagar para morar no que não é seu e muitas vezes sonha com a casa própria. Para quem vai sobrar pagar o aumento do IPTU?

Diga-me quem teve aumento (ou reajuste, dane-se) igual ao que será aplicado ao valor do IPTU? Vir falar em valorização do imóvel é palhaçada quando sabemos que tal valorização só existe se e quando o imóvel for vendido e nesse caso já incidirá o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis). Ou seja, quem tem imóvel ou mora na cidade de São Paulo vai pagar por uma valorização virtual. E vai pagar de novo no caso de venda, que fique bem claro.

Agora, cadê a galera dos R$ 0,20? Ou esse aumento escorchante não faz diferença? Falando nisso, de onde a santa inocência achou que os vinte centavos iam sair? Ou pensaram que ia sair de graça? Alguém chegou a ser tão crédulo e fazer o papel da Velhinha de Taubaté, acreditando que a máquina pública municipal paulistana iria tornar-se um pouco mais eficiente para compensar os R$ 0,20 de aumento não dado às passagens de ônibus? É claro que iria sobrar para alguém e, como sempre, sobra para quem já está acostumado a pagar a conta. E, antes que os patrulheiros de plantão venham escrever besteiras, fui e sou totalmente a favor das manifestações por esse e pelos outros motivos. Deveria haver mais manifestações, inclusive.

Cadê as manifestações nas ruas? Cadê a Avenida Paulista sendo fechada? Cadê o pessoal indo para o Largo da Batata se concentrar? E as manifestações em frente da Prefeitura de São Paulo? Estão anestesiados? Sentados eternamente em berço esplêndido? Ou acham que estão sobre os louros da vitória? Pois esses louros estão mais para urtigas, que estão espetando nossos traseiros e nos fazendo lembrar de como somos joguetes nas mãos desses que se fantasiam de paladinos da justiça, daqueles que a cada quatro anos aparecem na tv sorrindo, com as melhores intenções, os planos mais elaborados, as soluções para todos os problemas. E como mentem, ludibriam. São verdadeiros prestidigitadores da política.

Como disse Floriano Pessaro, líder da bancada do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo, “A Prefeitura hoje tem recursos suficientes para manter a máquina e, se for mais enxuta e eficiente, não precisa de nenhum centavo a mais do que os R$ 45 bilhões que já arrecada anualmente. O fato é que Haddad precisa de dinheiro para bancar as seis secretarias que ele criou em seis meses, uma subprefeitura a mais e os 1.200 cargos de confiança e sem concurso público que ele criou ao custo de R$ 180 milhões por ano.” (http://tucano.org.br/noticias-do-psdb/a-volta-de-martaxa-na-versao-maldadd)

Independente de quem tenha dito isso – e não importando aqui a preferência político partidária de quem quer que seja, o fato é que essa criação de cargos de confiança e de secretarias precisa ser bancada por alguém. Quem será que vai pagar a conta? Tenho minhas desconfianças, mas estranho muito a falta de movimentação do tal “gigante”, tão alardeado nas manifestações dos últimos meses.